"Porque temos de morrer e somos como águas derramadas na terra, que já não se podem juntar." (2 Sm 14:14)

Quanto devo pagar? (1)

Posted on 12:06 | By Matheus Emerich | In

Atenção! Esse texto faz parte de uma série de postagens, que irão esclarecer para você aquilo que talvez seja o engano mais difundido na humanidade: o pensamento que Deus quer que você seja uma boa pessoa, para você merecer ir para o céu. É como se a salvação dependesse daquilo que você faz de bom aqui nesta vida. Isso é mentira! É isso mesmo: Deus não espera que, inicialmente, você se esforce para ser uma boa pessoa.

Já faz um bom tempo que sou cliente da mesma operadora de celular. Há uns dias atrás, uma atendente desta operadora entrou em contato comigo, oferecendo benefícios muito bons para a minha conta. Se eu aceitasse a proposta que a companhia estava me fazendo, eu poderia falar quase de graça com muitos números, e ainda ganhar muitos bônus para falar com outros, além de poder mandar mensagens gratuitamente. Então, eu perguntei para a atendente: “e quanto devo pagar por isso?” Ela me respondeu que eu não devia pagar nada e que o benefício era inteiramente grátis. Eu fui sincero com a moça, respondendo-lhe que aquilo estava muito esquisito. Ela disse meio decepcionada: “tudo bem senhor, eu entendo a sua desconfiança.” O plano era verdadeiro, aquilo ali não era nenhum trote, mas eu havia desconfiado porque era “muito bom para ser verdade.”

É claro que a operadora, de algum modo que eu não sei, estava lucrando ao me oferecer aquele benefício – nenhuma grande empresa está interessada em tomar prejuízo para beneficiar os clientes. Logo depois desta ocasião, eu me lembrei de como são as coisas de Deus. Ele diz: “Olha, pecador, apenas abandone o teu pecado e se entregue a mim de todo o teu coração, crendo no meu Filho. Ao fazer isso, purificarei você do teu mal, e terás paz nesta vida, e ainda morará comigo depois da tua morte.” O pecador, desconfiado, apenas pensa: "Ah, é muito bom para ser verdade." A diferença para o caso da operadora de celular é que Deus não é um espertalhão querendo lucrar alguma coisa. Ele oferta a salvação de graça, mas o pecador pensa que não pode ser assim, que isso é impossível; pensa que ele ainda precisa fazer algo para Deus, que ele ainda precisa pagar alguma coisa.

Identificando o problema

Este pensamento está profundamente arraigado em todas as religiões. Seja qual delas você procurar, irá encontrar um sistema de regras que você deverá cumprir. Você vai ter que fazer algumas coisas, e deixar de fazer outras. Assim, se você for bem sucedido nessa tua missão, então você irá para o céu, segundo a tal religião. “Parabéns, você conseguiu! Fez tudo certinho e agora merece o céu.” É um esquema que coloca a salvação como sendo dependente do que você faz ou deixa de fazer. Este pensamento não é comum? Acaso, não é também o teu pensamento?

Os católicos assumidamente pensam assim. Ensinam que, para ir ao céu, primeiramente, você deverá cumprir muitos sacramentos. Precisará ser batizado, e mais uma ou outra prática; e depois ainda terá que, no resto da vida, se esforçar para ser uma boa pessoa – ou pelo menos se esforçar para não ter uma índole má e prejudicar os outros. Tarefa cumprida, céu garantido. E, ainda se pecarem, os católicos julgam necessário passar um processo que envolve ainda mais esforços, sejam penitências ou rezas, para crerem que estão purificados.

Mas esse pensamento de salvação através de esforço não é somente católico. Com o tempo, fui percebendo que quase todas as vertentes do segmento evangélico pensam dessa forma. Certa vez, comecei a conversar com uma colega, que era evangélica e estudava comigo, sobre esse assunto. Perguntei-lhe o que ela julgava necessário fazer para ir para o céu. Ela respondeu mais ou menos nos seguintes termos: “Acho que você precisa ser uma boa pessoa. Você não pode ser mau caráter, tem que fazer o bem o tanto quanto puder! Tem que fazer boas ações e tentar ser uma pessoa justa e de bom coração.” Aquela resposta foi para mim um grande choque. Mas, quanto mais o tempo passava, mais eu percebia que aquela colega não estava isolada com essa ideia. Ela recebia, para o meu espanto, o suporte de quase toda a massa evangélica.

Pouco tempo depois, uma prima minha, também evangélica, veio conversar comigo porque estava muito insegura a respeito da sua salvação. Ela não tinha certeza de mais nada, e estava à beira do desespero. Como com as outras pessoas, fiz a mesma pergunta para ela. A sua resposta foi bastante equivalente às anteriores: “Eu preciso ser boa, justa e seguir os mandamentos da bíblia. É, eu preciso ser uma pessoa de bom coração e seguir as orientações da igreja. Acho que assim irei para o céu!”

Não é raro quando encontramos os frutos deste engano no dia a dia. Às vezes, depois de fazer alguma boa ação, vemos alguém dizer brincando algo do tipo: “é, preciso garantir meu lugarzinho no céu.” É uma ideia tão comum, tão difundida, que as pessoas ficam mesmo surpresas quando questionamos isso. Pode ser comum de qualquer jeito, mas não é a mensagem da bíblia. Talvez você esteja pensando: “Peraí, eu estou entendendo direito mesmo? Você está querendo dizer que é errada a ideia de fazer coisas boas para ir para o céu? Eu sempre pensei assim! Não é assim que funciona?” Não, não é assim que funciona; e quem diz isto não sou eu: é a própria bíblia.

Quanto devo pagar? E se eu te dissesse que a resposta é “nada”, ou seja, que a salvação não envolve nenhum esforço de tua parte? E não apenas isso, mas que, enquanto houver esforço teu, você está impedindo a si mesmo de ser salvo? Esta é a surpreendente mensagem da bíblia. Nas próximas postagens, analisaremos isso com a base bíblica devida. "Ao Senhor pertence a salvação!" (Jonas 2:9)

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