"Porque temos de morrer e somos como águas derramadas na terra, que já não se podem juntar." (2 Sm 14:14)

Quando Deus se alegra

Posted on 11:50 | By Matheus Emerich | In

Duas coisas eram muito comuns quando o Senhor Jesus pregava às multidões. Primeiro: não raro, o Seu público continha pecadores do mais elevado grau - estamos falando de prostitutas, malfeitores ou publicanos. Segundo: frequentemente, Ele enfrentava a oposição ferrenha dos religiosos da época. Estes religiosos buscavam cumprir todos os detalhes da Lei de Moisés, mas mesmo assim Cristo não os aprovava, pois sua religião era somente uma falsa máscara de aparência externa. Estes religiosos, chamados na bíblia de ''escribas'' ou ''fariseus'', odiavam o Senhor Jesus e procuravam matá-Lo, pois Este denunciava abertamente o sistema hipócrita daquela religião.

Estes homens procuravam praticar coisas boas para se auto-promoverem, alimentarem o orgulho e adularem o seu ego. “Companheiros, vejam como sou uma pessoa boa. Deus, veja como mereço ir para o céu.” Este é o esquema básico de quase todas as religiões, nas quais a ideia central, desmentida pela bíblia, é que você precisa fazer coisas boas para ser uma pessoa melhor e mais justa. Este era o pensamento daqueles religiosos; este é o pensamento da maioria das pessoas, ainda hoje; este é o pensamento que não vem de Deus. Aqueles escribas pensavam que Deus estava aprovando tudo o que faziam; mas quando o Filho de Deus veio ao mundo, procurou direto os mais baixos pecadores. Então, os religiosos O desacreditaram. “Se Ele fosse mesmo o Filho de Deus, deveria vir até nós, e não procurar estas pessoas más!” Assim, o evangelista Lucas registra uma cena, na qual Cristo acolhia os pecadores mais explícitos, enquanto os religiosos desdenhavam e reclamavam. “Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles” [1].

O ensinamento da bíblia é que todos nós somos pecadores, invariavelmente e sem diferença alguma [2]. Aqueles religiosos, porém, estavam falando como se eles mesmos não o fossem! Murmuravam porque o Senhor Jesus “comia com pecadores”, se referindo às outras pessoas, como se eles também não tivessem seus próprios pecados e maldades! Ao falar de ''pecadores'', eles consideravam um conjunto de pessoas no qual eles não estavam incluídos. Que engano! Todos somos pecadores, embora aqueles homens se olhassem no espelho e não se vissem assim.

Aqueles religiosos tiveram, porém, uma resposta bem adequada do Senhor Jesus. Em mansidão e autoridade, Cristo lhes respondeu: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” [3]. Para obter a salvação de Deus, é preciso reconhecer que você precisa dela! Enquanto você se acha justo, é como se estivesse pensando que não precisa de salvação – afinal, a salvação é para pecadores, e não para justos; é para perdidos, e não achados. As prostitutas e os homicidas que iam aos pés do Senhor para buscarem socorro não tinham dificuldades em reconhecer que eram pecadores, pois deviam ouvir isso todos os dias. Mas, e quanto a você, que não mata, não rouba, não tem vícios e talvez não comete outros erros grosseiros? Será que você reconhece que é pecador e precisa da salvação de Deus, ou ainda mantém uma elevada opinião sobre si mesmo?

Foi o próprio Deus quem disse que você precisa se arrepender, pois você também peca – e no fundo, você sabe disso muito bem. Você conhece teus pensamentos maliciosos, sabe que abriga na mente coisas ruins que gostaria que ninguém soubesse – são pecados guardados lá no fundo do coração. Quando, porém, você resolve dizer “apesar de tudo, sou uma pessoa boa”, é o equivalente a dizer “não preciso me arrepender”. Pelo último versículo que citamos, repare que Deus se alegra muito mais ao ver alguém reconhecendo e confessando sua maldade, do que ver noventa e nove pessoas como você, que não fazem nada de escandaloso, mas que preferem ocultar os pecados próprios atrás de um ego bem alimentado. Quando alguém se rende, reconhecendo seu estado verdadeiro, Deus se alegra muito e há “festa” no céu. Para clamar por socorro, é preciso reconhecer que se está em perigo; para chamar pelo auxílio exclusivo de Deus, é preciso atestar que tuas forças se acabaram e que teus recursos próprios já não existem.

Sempre será assim, da maneira vimos naquela cena: quem pensa que está muito bem nunca procura o socorro de Deus; quem pensa que é justo nunca reconhece a necessidade de salvação. Por outro lado, quem reconhece que é pecador, quem conclui em verdade que está perdido e procura a solução para sua alma, acaba sendo acolhido pelos braços de Deus, conhecendo o Seu amor e sendo consolado por Ele mesmo. Acaba, no fim, encontrando o auxílio de um Cristo Bondoso que “recebe pecadores e come com eles.”

[1] Lucas 15:1,2
[2] Romanos 3: 9-26, por exemplo.
[3] Lucas 15:7

Comments (1)

Deus não rejeita um coração quebrantado.

Postar um comentário