"Porque temos de morrer e somos como águas derramadas na terra, que já não se podem juntar." (2 Sm 14:14)

O fim dos recursos

Posted on 09:42 | By Matheus Emerich | In

Certamente, você já ouviu alguma vez a narrativa do “filho pródigo”. Talvez tenha até ouvido este título e não sabia que era uma história da bíblia. Ela está descrita em Lucas 15, nos ensinando verdades preciosas. Resumidamente, a história é assim: certo rapaz pediu para seu pai a parte que lhe cabia da herança. Pegando toda a grana, saiu de casa, foi para uma terra distante e gastou tudo só com farra. Viveu lá da maneira que quis, até que um dia os bens acabaram. Justo quando estava pobre, veio àquela terra uma grande fome. O rapaz então conseguiu um emprego de cuidador de porcos, e ali a fome persistia de maneira que ele desejava comer a comida daqueles animais, mas ninguém lhe dava nada. Então ele caiu em si, lembrando-se que na casa do seu pai até mesmo os mais humildes trabalhadores tinham alimento em abundância. Arrependido, levantou-se e voltou para a casa do pai, decidido em pedir-lhe perdão. Chegando lá, o pai o recebe com alegria, lhe dá um beijo e faz uma festa pelo seu retorno. Podemos entender o sentido desta parábola a começar pelo contexto dela. O Senhor Jesus a ensinou para mostrar aos religiosos orgulhosos da época que Deus não rejeitará o coração humilde e arrependido. Sim, essa história era uma mensagem sobre salvação.

Bem, a questão que eu gostaria de levantar é a seguinte: e se aquela grande fome tivesse vindo antes dos bens do rapaz terem se esgotado? Se ela chegasse quando ele ainda tivesse dinheiro, será que ele voltaria para a casa do pai? Certamente que não, pois foi sua própria miséria que o levou a pensar tudo com cuidado e voltar arrependido. Se as dificuldades tivessem vindo numa hora em que ele ainda tivesse recursos, ele continuaria ali nas suas festas e não voltaria atrás. O que fez ele cair em si foi ver suas mãos vazias.

Assim também acontece com pecador. Enquanto há uma escapatória que não seja voltar para a casa do Pai, ele decide por essa outra saída. Ele tem uma grande fome por Deus e Seu perdão, mas, enquanto ainda há uma esperança por aqui mesmo, ele não volta. O orgulho do pecador é tão grande que até mesmo um emprego para cuidar de porcos se torna mais atraente do que pedir perdão ao Pai. Só mesmo quando o pecador cai em si, reconhece sua total miséria e sujeira, é que ele irá decidir buscar o socorro de Deus. Enquanto ainda há, aos seus olhos, alguma esperança em si mesmo, ele não irá confiar nos recursos do Pai. É por isso que o título dessa postagem se chama “o fim dos recursos.” O pecador precisa chegar ao fim de si mesmo, chegar ao fim dos seus próprios recursos, para que ele olhe para Deus.

Mas o que eu quero dizer com “chegar ao fim de si mesmo”? Essa foi a expressão mais literal que eu pude achar. Imagine alguém que realmente esteja tentando ir para o céu ou buscar o sentido da vida em Deus. Imagine que esta pessoa está se esforçando o máximo que pode. Está lutando contra as suas práticas erradas e pelejando consigo mesma para adotar boas maneiras. Ou, ainda, pense numa pessoa que está confiante em alguma coisa boa que faz, para futuramente chegar para Deus e dizer: “olha que lindo isso que eu fiz; agora deixe-me entrar no céu.” Bom, podemos dizer que as pessoas que mantém essas atitudes não chegaram ainda ao fim de si mesmas. Perceba que toda a esperança dessas pessoas é depositada em si mesmas – elas ainda não se viram sem recursos. Elas ainda pensam em oferecer algo, ainda pensam que possuem ou podem obter bens suficientes. Somente quando perceberem que não possuem recursos para entrar no céu é que irão confiar naquilo que Cristo fez por elas.

Para finalizar, não podia deixar de notar um detalhe excelente da história: a narrativa diz que o filho vinha na estrada, quando o pai o avistou, correu até ele, o abraçou e o beijou. Que interessante! Foi o pai que viu o filho primeiro, antes que este visse o pai! Foi o pai que correu até o filho, antes que este corresse até o pai! Certamente, durante todo aquele tempo em que o filho ficou fora, o pai chegava à janela várias vezes ao dia para ver se avistava o filho, em seu retorno, despontando no horizonte. Ele estava ansioso pela volta do filho. Ele não o desprezou quando este veio arrependido. Assim também Deus espera ansioso pelo pecador. Se você ainda não é salvo, Deus espera que você se chegue a Ele há muito tempo. E quando você decidir buscá-Lo, Ele virá ao teu socorro para te ajudar na caminhada até Ele mesmo. O que tem impedido você de dirigir-se a Ele arrependido? Será que ainda calcula que tem recursos suficientes para permanecer aí mesmo onde está?

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