"Porque temos de morrer e somos como águas derramadas na terra, que já não se podem juntar." (2 Sm 14:14)

“Eu estou aqui”

Posted on 12:55 | By Matheus Emerich | In

Ao lermos o evangelho de João, muitas vezes nós iremos encontrar o Senhor Jesus dizendo: “o Pai me enviou.” Disso nós entendemos que Ele estava aqui na Terra cumprindo a missão que o Pai tinha Lhe dado – este é um pensamento correto. Mas pode ser também que tenhamos uma ideia incompleta sobre isso. Pode ser que imaginemos o Pai o enviando, e Ele obediente vindo para cá sem que nada estivesse acontecendo em Seu coração. Ou então pode ser que pensemos no Pai o enviando, e Ele cumprindo o seu papel simplesmente por submissão, como um filho obedece o pai, um soldado obedece o general ou um funcionário obedece o seu patrão. Qual era a relação dEle com essa missão que Ele recebeu? Ele a cumpriu com a frieza com que se cumpre um acordo, ou com o pragmatismo com que se obedece uma ordem? Será que não houve nada além disso?

Semana passada eu me surpreendi com um salmo, porque nunca tinha parado para pensar nisso. É claro que se você me fizesse as perguntas acima, eu iria responder que Ele veio também por amor e compaixão, obviamente; mas a verdade é que eu nunca havia sido despertado para isso através de um trecho tão literal na Palavra de Deus. O salmo era este: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelos pecados não requeres. Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração está a tua lei” [1].

Os versículos começam falando que Deus não estava pedindo mais “sacrifícios e holocaustos”. Nos tempos passados, no Antigo Testamento, Ele havia estabelecido uma Lei, e quem a transgredisse deveria oferecer um sacrifício para remover o seu pecado. Mas o homem havia fracassado completamente quanto a isso. Além de ficar comprovado que este não conseguia parar de quebrar as leis de Deus, também era a sua tendência oferecer sacrifícios sem nenhum exercício de coração. Deus chega a dizer: “De que me serve a mim a multidão dos vossos sacrifícios? Estou farto dos holocaustos e não me agrado do sangue de novilhos. Não continueis a trazer ofertas vãs” [2]. Aquilo não funcionava mais; o homem estragou tudo. Agora, restava apenas que o homem ficasse para sempre separado de Deus. O destino era que seu pecado fosse jamais removido. Ou não!

Fico imaginando o contexto no qual as palavras desse salmo foram proferidas. Ficou evidente, no céu, que Deus não tinha mais nenhum prazer naquelas ofertas. Então, um Cavalheiro cheio de majestade, com o rosto mais brilhante que o sol, ordena que os louvores a Si mesmo cessem por um instante. Então, desce os degraus do seu trono de ouro puro e se apresenta diante de Deus, dizendo: “Eis aqui estou, agrada-me fazer a tua vontade.” Fico pensando na possível surpresa dos anjos e de todos os seres viventes que habitam ali: “É isso mesmo que vejo? Ele está se oferecendo? Mas Ele é o Ser mais sublime que jamais existiu!” Se a vontade de Deus era um sacrifício perfeito, Ele não hesitou: “Agrada-me fazer a tua vontade.” Se os homens quebraram as leis, ele podia dizer: "Dentro do meu coração está a tua lei." Que oferta mais excelente! "Estou aqui, envia-me."

O plano foi consumado: Ele veio e fez o sacrifício de Si mesmo. Mas que nunca esqueçamos a lição: Ele não veio mecanicamente ou por puro dever. Ele veio com gosto – Ele se apresentou, calculou o resgate de muitos e ficou satisfeito em se dispor voluntariamente. Que os cristãos agradeçam e transbordem de alegria, pois o Senhor deles os amou e deu a Si mesmo com toda a boa vontade. Quanto aos que ainda não creram, que também se rendam diante dAquele que ofertou a própria alma para remover os nossos pecados!

[1] Salmos 40:6-8
[2] Isaías 1:11,13

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